quinta-feira, 19 de julho de 2012

O CANCER ATRAVÉS DA FÉ

A idéia de fazer um blog surgiu na época em que estava com cancer e queria  transmitir minha experiência àqueles que passavam por algo semelhante e que se achavam deprimidos.

Conversa vai, conversa vem, pedidos, indagações, enfim... naquele momento não foi possível.

Somente hoje, 19 de julho de 2012, de repente, surgiu a oportunidade: estava pesquisando na internet sobre meu touch pad e a idéia me veio novamente: como fazer um blog? A resposta aqui está e enquanto eu digito sobre o tema que quero passar, nem faço idéia como vai ficar este meu blog. A expectativa é que fique bbb (bom-bonito e barato). Brincadeirinhas à parte, espero que além de ficar com a aparência, pelo menos agradável, seja realmente útil, traga algo de bom para alguém em algum lugar.......

Em março de 2010, após peregrinar por posto de saúde, clinica particular, etc,  fui acompanhada por minha nora, ao Prédio dos Ambulatórios do HC(Hospital das Clinicas em SP) e após ser gentilmente atendida por um médico residente que olhando meu exame de sangue e tomografia assim me disse:

"Dna.Maria, mostrei sua tomo ao meu superior e realmente há indícios de que a sra. esteja com câncer, entretanto seriam necessários outros exames, inclusive uma biópsia, para um diagnóstico definitivo; nós temos uma vaga para internação HOJE."

Levei um choque, desandei a chorar... nunca tinha sido internada (só fizera cirurgia de catarata, ali mesmo no HC - a gente sai no mesmo dia).. O médico nos olhou: chorava eu e chorava também minha nora - a Nel. Muito prestativo ele disse:

"Voces podem ficar à vontade, não tenham pressa, a sala é nossa" e saiu deixando-nos a sós para tomarmos a decisão.

Quando ele retornou ainda disse: "A sra. não é obrigada a se internar agora, entretanto HOJE temos essa vaga, depois eu não saberia lhe dizer quando, mas o Hospital liga avisando."

Pensei: já que chegamos até aqui, melhor é ficar e pronto, seja o que Deus quizer.

Para encurtar o assunto após alguns exames de praxe, lá pelas 18hs, eu estava sendo internada na enfermaria do HC - 6ºand. Era o dia 23 de março de 2010.

Tive sorte, fiquei num quarto com apenas duas camas, onde havia uma senhora idosa com câncer de intestino e, maravilha das maravilhas, não gostava muito de televisão. (não que eu não assista tv, mas naquela altura do campeonato alguém que quisesse a tv ligada tempo integral - como pude constatar depois em outros quartos - seria "o fim da picada").

Alí fiquei 15 dias, tirando sangue - quase que diariamente - e fazendo outros exames, como a biópsia e o da medula, bastante chatinho.

Tempo em que pude desfrutar do carinho, atenção e dedicação de enfermeiras(os) muito alegres e sempre otimistas, como também dos médicos: todo dia o médico fazia sua vizita.

Frequentemente adentrava no quarto uma equipe de estudantes com seu professor e passavam a me examinar.

Um dia um médico japones (infelizmente esqueci seu nome) me disse: "a senhora está ficando famosa, todos querem apalpar sua barriguinha". O cancer se mostrava muito pelo inchaço do baço.

Bem, ao final dos quinze dias - Dr Marcelo o jovem médico que naquela semana cuidava de mim, falou: "Dna. Maria os exames confirmaram que realmente a senhora está com um linfoma não Hodgkin.

Era 12 de abril de 2010, um domingo,  perto da hora do almoço, e enquanto o médico falava eu mentalmente repetia - não vou chorar, não vou chorar, não vou chorar....

Quando ele se retirou fui até um terraço onde costumava tomar sol na parte da manhã e liguei para meu filho, Carlos, relatando os fatos e avisando que no dia seguinte eu teria alta e seria encaminhada para tratamento no ICESP (Instituto do Câncer do Estado de SP).

Depois do telefonema ao filhão, logicamente eu até dei uma choradinha; mas não havia motivo, eu já pesquisara no "Dr.Google" e internamente estava meio que preparada.

 Enquanto isso, em Itapeva-MG,onde temos um pequeno sítio, algo interessante acontecia.

Meu esposo Eduardo, minha nora Nel, sua irmã e  minha neta de 2 anos- e meio Clarinha lá passavam o fim de semana. A Nel fora verificar com o Edu como estavam as coisas por lá; enquanto se ocupava na cozinha minha neta de repente apareceu chorando muito e dizendo:" a vovó, a vovó...".

O Edu que estava no barracão logo correu e pegou a menina no colo; segundo a Nel me contou ela soluçava e continuava chamando, vovó, vovó...

 A gente sabe que crianças são muito sensíveis, principalmente as de hoje; certamente a Clarinha, de alguma forma, captou a nossa angústia, estravasando a emoção em nós contida.

 Bem, voltando à "vaca fria", como se diz, na 2ªf. tive alta e fui encaminhada, não para o ICESP, mas sim para o Hospital Dia, no HC - setor de Hematologia.

No dia 12 de abril de 2010 eu concordava em participar de uma pesquisa sobre o linfoma e aí começaria o tratamento com a quimioterapia.

Até aqui eu estava cheia de fé com a certeza da proteção do Alto, até certo ponto surpresa com tudo de bom que me havia acontecido . Lembrava bem das palavras da minha amiga Aurora que quando eu, em tempos idos, comentava que tinha receio de alguma doença mais grave por não mais ter plano de saúde: "Voce não tem o plano mas tem Aquele lá de cima que te protege".

A segunda parte da estoria - o tratamento no Hospital Dia - vou deixar para a próxima postagem, porque já está na hora de preparar a janta pro meu companheiro que está por chegar.

A mensagem de hoje é:

 SE VOCE, COMO EU NÃO TEM UM PLANO DE SAÚDE E VAI DEPENDER DE UM HOSPITAL PÚBLICO, NÃO TEMA, ENFRENTE COM CORAGEM, NÃO ESMOREÇA, TENHA FÉ E ACREDITE QUE " AQUELE LÁ DO ALTO" COMO DIZIA  A DNA. AURORA, VAI TE PROTEGER.

A FÉ ABRE CAMINHOS DESCONHECIDOS E INUSITADOS, O PODER DE UM PENSAMENTO OTIMISTA GERA BOA VONTADE NAQUELES QUE CRUZAM NOSSA ESTRADA.

DEUS SEMPRE OLHA POR SEUS FILHOS!!!